segunda-feira, 5 de maio de 2014

Poetas

Poetas 
 

Ai almas dos poetas
Não as entende ninguém,
São almas de violeta
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma para sentir
A dos poetas também!

Florbela Espanca


Gosto tanto desse poema de Florbela! Ele fala de mim, fala de nós, "que vibramos em outras frequências". Eu já tive alma de poeta. Digo, houve uma época que escrevi quase que um poema por dia, mas com o tempo parece que me afastei da poesia que eu escrevo, não deixando de apreciar o que lia. Ainda assim procuro entender a alma dos poetas, mesmo com "dores amargas secretas" já dissolvidas em mim. Não é que o poeta seja triste. A sabedoria é triste, saber e perceber o mundo como ele é trás um arrombo junto ao peito, mas também uma vontade enorme de mudar o mundo, deixar aquela marquiha de si.
  


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"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."

Voltaire